segunda-feira, novembro 26, 2007

um grande escritor


Hoje acontecerá o lançamento do projeto TIM Grandes Escritores. Um projeto que está circulando o país, pelo que venho sabendo. Na Bahia, teremos Affonso Romano de Sant'Anna, Marina Colasanti, Zuenir Ventura e escritores da terrinha. Estarei entre eles passeando com a literatura em algumas cidades do interior. Sei também de Claudius Portugal e Gláucia Lemos. Saberei hoje à noite quem são os outros. Estou feliz na companhia destes escritores queridos. E por causa do nome do projeto, lembro de Cortázar, que ganhou uma bela homenagem da Marina Colasanti num livrinho infantil cuja personagem principal não parava de crescer, invadindo com o seu corpo, as portas e os telhados. É o que eu gostaria de fazer com as minhas pequeninas palavras. Na foto, o grande Cortázar e Vargas Llosa.

domingo, novembro 11, 2007

aleijadinhos

Profeta Jeremias, de Aleijadinho

Tenho uma réplica de Aleijadinho em pedra-sabão. É o profeta Joel, que um dia caiu da minha estante e quebrou a cabeça. Acompanhando Joel, tenho outros objetos suicidas: uma miniatura de Drummond - sempre acompanhada da de Manoel Bandeira e Machado de Assis - que perdeu a cabeça por uma morena trigueira, que nunca deu boa pra ele, pois preferia mesmo era a sanfona de Luiz Gonzaga, uma das minhas miniaturas mais preciosas, esse sertanejo gigante no seu acordeão; havia uma sereia que se lançou cômoda abaixo e também perdeu a cabeça por um Odisseu navegante que passeava por um teclado de computador, num mar logo embaixo do móvel. Além destes, tenho outros tantos objetos de cerâmica mutilados nos pés, braços e pernas, destroçados pelo espanador de poeira. E ainda um cemitério de ímãs de geladeira, todos aguardando uma cola durepox. Para todos os outros objetos ainda intactos, fico pensando o que será deles quando eu não estiver mais aqui. Quem cuidará deles por mim quando também a minha cabeça estiver longe do corpo? A quem pertencerá toda esta minha herança afetiva? O profeta João Batista também perdeu sua cabeça para Salomé. Mas o que eu tenho aqui comigo, é o São João do carneirinho, ainda distante de qualquer tragédia. Para ele faço uma prece: que mantenha minha cabeça sempre próxima a esse universo fantasioso dos profetas e suas profecias.

segunda-feira, novembro 05, 2007

adega


Diz o Sr. Romanée-Conti: vinho não é para colecionar.
Já nunca colecionei, agora que bebo um tanto menos ou mesmo nada, um tanto menos e mesmo nada colecionarei.
De Gustave Doré, a ilustração do Satanás de Milton.

quarta-feira, outubro 24, 2007

acerca de la naturaleza

De Empédocles, traduzido do grego por Alberto Bernab:

6(4) En los miserables es costumbre no dar crédito a la autoridad.
Tú en cambio, tal como te exhortan las garantías de la Musa,
aprende, tras haber desmenuzado en tu fuero interno mi argumentación.
1(2) Y es que angostas son las mañas que por los miembros se extienden
y muchas las vilezas que embotan las meditaciones.
Tras haber observado en el curso de sus vidas una parte miserable,
efímeros como el mundo se echan a volar, arrebatados,
5 convencidos tan sólo de aquello que cada uno se encontró
en su vagar de un lado a otro, aun cuando cada uno se jacta de haberlo decubierto todo.
¡A tal extremo no son cosas observables ni audibles por los hombres
ni abarcables por su inteligencia! Así que tú, ya que hasta aquí te has acercado,
sabrás, pero no más de lo que el mortal entender puede alcanzar.

Uma lembrança por causa da discussão do the cult of the amateur, de Andrew Keen, que eu ainda não li...

E com ilustração naïf (le rhinocéros, de Aloys Zötl). Pois há coisa mais bonita em toda natureza.

domingo, outubro 21, 2007

la nuit del'ecrit


Não sei bem porque, mas fui convidada para uma mesa redonda sobre blogs literários. São pessoas experientes no assunto, juntando estudiosos e importantes blogueiros. A casa da mãe joana não é literatura, é uma casa da mãe joana. Mas estarei lá para falar desta morada e de outras.Pois gosto das palavrinhas soltas no mundo, seja ele real ou virtual.E gosto dos encontros.E lá vou eu.E pra quem quiser ir...na Aliança Francesa, Ladeira da Barra, dia 23, terça, ás 19h.

quarta-feira, outubro 10, 2007


O Banco Capital convidou alguns escritores baianos (eu, Állex Leilla, Marcus Vinicius Rodrigues, Renata Belmonte e Aleiton Fonseca) para realizar um livro sobre a mansão Solar Cunha Guedes, aquela bela casa branca da Vitória, uma das poucas que ainda sobrevive aos empreendimentos imobiliários. Outras moradas é o nome do livrinho que terá lançamento hoje à noite, na própria casa. Infelizmente será um evento restrito a poucos convidados. Por causa disso, estamos caminhando para outras moradas e faremos um segundo lançamento no dia 15, segunda próxima, na charmosa livraria Tom do Saber, no Rio Vermelho. E o que eu gostaria mesmo é que todas estas pessoas queridas que passam aqui pela Casa da Mãe Joana aparecessem por lá.

quarta-feira, setembro 26, 2007

caribenha

Cercada de mar, cordilheira e música, tentei colocar o teatro como uma coisa possível dentro deste cenário. E assim, para produzir um diálogo, entrei na dança da salsa, do merengue, do calipso,do joropo e bailei esta mistura com samba, maracatu e afoxés. Houve folguedo enquanto Dioniso descia e subia a montanha numa saudação. Tudo estava bem, mas longe da casa nada é tão completamente feliz. E eu não sou dali, eu não tenho amor, eu sou da baía de são salvador. Ô marinheiro, marinheiro...

segunda-feira, setembro 24, 2007

la divina

Um querido amigo me envia a Callas cantantando o Rossini e eu lembro da sua Medéia, a também de Pasolini, com o seu lindo centauro. Esta espécime me interessa particularmente. E como o Pasolini, eu me atrevi retratá-lo num dos últimos contos que escrevi. Também a Medéia não é metade mulher, metade bicho?

sexta-feira, agosto 24, 2007

um projeto


Neste domingo, Cuida bem de mim completa 800 apresentações no TCA. Parece uma eternidade, mas não é: o tempo do teatro é outro e, vez ou outra, eu ainda grito da platéia, esqueço que sou a coordenadora artística do projeto e brinco e rio e danço com os meninos as musiquinhas da moda que eu tanto condeno no dia-a-dia. Já faz tempo que venho caminhando neste belo projeto do Liceu, que traz diariamente umas grandes alegrias para muitos adolescentes do país e tem feito os seus 30 jovens atores escolherem a trilha do teatro. Perto destes jovens, vou participando de suas escolhas e sendo alimentada por uma deliciosa energia inesgotável que vem das suas mais variadas manifestações de afeto, de arte, de brincadeiras. Eles são lindos e os seus sonhos são grandes. Eles sou eu ontem. E eu estou aqui.

quarta-feira, agosto 15, 2007

painéis de literatura

Aí está um novo evento literário. Organizado pelo professor e escritor Sandro Ornellas. Acontecerá lá no Instituto de Letras na UFBA e eu estarei respirando este ar no dia no dia 24 de outubro. Apareçam!

segunda-feira, agosto 13, 2007

citius, altius, fortius



O problema da tolerância é que ela é uma questão de opinião. Assim sendo, uma crença incerta ou uma crença numa certeza subjetiva. Na nossa lingua, ela passa uma idéia de polidez. Idéia que eu não gosto. Estava numa pizzaria filial destas do sudeste do país. Um lugar insosso, com música insossa. Tudo tão insosso que até este delicioso sabor do leste ficou insosso. Um atendimento tão veloz, tão desejoso de eficiência, que ficou insosso. E as pessoas, ao entrar, iam aderindo a este estado insosso, uma gente bonita que ia ficando parecida com manequim de loja decadente. E estávamos em nove. E estranhávamos tudo. Eu quero o meu sertão de volta. Soube que Elomar, um dia, gritou amigavelmente ao garçom de um restaurante paulista pedindo-lhe farinha. Assim, com um sotaque com gosto de carne seca e pedindo farinha, como se quisesse colocar água quente dentro e fazer fervura e farofa, comida com gosto de casa. Para alguns do restaurante paulista, foi dificil tolerar Elomar. Para mim também foi dificil tolerar a garçonete derrubando um prato no chão, tolerar um olhar que nunca se encontrava com o meu,tolerar o seu desejo de servir a todos os clientes de forma rápida, não para que ficassem satisfeitos, mas para que desocupássemos rapidamente as mesas, pois outras dezenas de pessoas já esperavam em pé. Sou intolerante, quis gritar. Mas usei a polidez e o humor, duas outras virtudes que tenho, já que me falta a tolerância. E sorri da moça, imitei seus gestos impacientes, sua inquietude, seu desejo antipático de estar em outro lugar. Eu também, às vezes,desejo estar em outro lugar. Ontem desejei estar em outro lugar, um lugar mais perto de casa.
E pensando em tolerância, ocorre-me o citius,altius,fortius e eu quero sim, esta bela imagem para mim, para mim.

sábado, agosto 11, 2007

o imperador e as galinhas


Passeando pelo subúrbio soteropolitano, o olhar vai registrando as coisas não costumeiras: a ética destruindo a estética dos casebres alagados na parte baixa da baía de todos os santos, a longa e perigosa avenida que nos obriga a andar em velocidade abaixo dos níveis e a imponente presença não vista do parque de são bartolomeu que leva nome de santo e cultua Iroco. Mas coisa com graça típica foi um caminhão que transportava aves para uma empresa e que trazia a seguinte marca: Ave Cezar! Assim mesmo, com ponto de exclamação e a letra z. Se eu fosse investigar, talvez chegasse na informação de que o dono da empresa também tem o nome do imperador...Pena que não trago sempre comigo uma máquina fotográfica a tiracolo. Assim, fica apenas o fraco registro das palavras que, infelizmente, nem sempre dão conta de tudo.

quinta-feira, agosto 09, 2007

nosso bosque


Para retomar o sentido do verde e amarelo diante deste caos aéreo e terreno que toma conta deste meu país. Sigo pois ainda há flores nos seus risonhos lindos campos.

domingo, agosto 05, 2007

contos da lua vaga


Por aqui tivemos mostra de Kenji Mizoguchi. Fui conferir porque não se acha jamais Mizoguchi em vídeo. O mestre influenciou meia dúzia de grandes diretores europeus e outro grande mestre, o Kurosawa. Num momento de um dos filmes, um vidente vaticina que uma personagem deve voltar para casa, voltar para si mesmo. E é neste momento, beirando o Tírésias e o seu oráculo para Édipo, que eu vou entendendo a mecânica japonesa trágica de Mizoguchi. E me aproximo dele, ainda sem saber voltar para casa, ainda sem saber voltar para mim.

segunda-feira, julho 30, 2007

desjejum


Já viram como perdemos tempo em padecimentos inúteis? Não era melhor que fôssemos como os bois? Bois com inteligência. Haverá estupidez maior que atormentar um vivente por gosto? Será? não será? Para que isso? Procurar dissabores! Será? não será?” A frase é de Graciliano Ramos em São Bernardo. E para que eu a perceba, basta mesmo um bom café da manhã com pão, banana, mamão, beiju, cuscuz, tapioca, requeijão, cevada e minha sábia alienação palatina vai deixando a vida mais fácil.

domingo, julho 29, 2007

na beira



Há um sabor especial em morar numa cidade solar, tropical, que mesmo entendendo a ordem dos ares invernais, nem se dá conta, faz vista grossa, se esquece de esfriar. Os pés são os únicos que acompanham a temperatura da estação e eu os aqueço com óleos, massagens e meias. Mas eles são inquietos, se vestem de vermelho e correm, fogem, correm, escapam das minhas atenções, não se deixam aterrar, traçam caminhos que independem da minha vontade e com uma alma escarlate fervilhando, eles se abandonam, se refrescam na areia molhada e fria do mar.

segunda-feira, junho 18, 2007

minha cumadre fulozinha

Não, o teatro não deve ser filmado, pois se transforma numa coisa muito diferente dele mesmo.
Aqui, um trechinho de uma das peças mais lindas que vi na vida, o Romeu e Julieta, do Galpão. Não, as imagens não refletem nada do que se deu naquele precioso fenômeno teatral. Mas fica aqui o registro para uma querida amiga que está muito distante e que se faz presente sempre, principalmente quando ouço esta música que fez com que ela passasse a me chamar de "minha fulô". Para você, Calçolita, com o cheiro dos lírios brancos e das tulipas vermelhas que agora perfumam de amor a minha pequena casa...

quinta-feira, maio 24, 2007

para quem gosta de cães

Foto: Elliott Erwitt

Uns cães atravessam a minha rua e entram na minha casa e deitam na minha cama e me mordem e me lambem com os seus sustos e seus afagos. Há alguns cães negros que espreitam, esperando o momento certo em que vão me devorar. Destes, eu terei sempre um medo, o pavor da carne dilacerada. Num atrevimento, os siberianos brancos e cinzas, deitam no meu colo. E para eles eu sou mãe, uma cantiga de ninar. Os da infância me olham de longe, devolvendo-me todo o paraíso perdido, pulando alto em minha cintura, despertando o dia com sorrisos e salivas, para o ar ter mais calor e sabor. E assim, numa estrada dentro de mim, os cães correm. Eles me perseguirão sempre, como uma idéia fixa que eu escolhi nesta vida para amar, enquanto eu não morrer.

segunda-feira, maio 14, 2007

alento

Por dentro e por fora
Num acordo profundo
O primeiro suspiro,
respiro:
ki-hai, bayu, prana
Em todo lugar, o meu ar.

quinta-feira, maio 03, 2007

nélida piñon


Um amigo querido me conta que um dia esteve numa festa onde estava o Cortazar. Perdi esta festa.
Não sei como era o rosto de Homero e tento imaginar Shakespeare em roupas de ensaios teatrais, mas nem sempre consigo.
Desconheço o sotaque de Guimarães Rosa, as contrações abdominais de Artaud, os passos de dança em Lorca e as comidas que saboreavam o paladar de Kafka.
Nélida é uma escritora do meu tempo, da minha língua, do meu verso e que toca profundamente o meu coração. Pode existir maior contentamento do que sabê-la ali, ao sudeste do meu país, a fazer anos e eu podendo desejá-la uma imensidão de coisas benfazejas para sua vida e sua escrita?
Axé, Nélida!

sábado, abril 28, 2007

são genésio, abençoa nosso ofício!


Sei pouco dos santos, mas adoro suas estórias e assim vou tentando entender um pouquinho. Sobre São Genésio, gosto de imaginá-lo como padroeiro dos atores. E sua imagem decapitada me coloca a pensar: porque os atores teriam um padroeiro que tem a cabeça a perambular por um lugar diferente do corpo?
O meio teatral às vezes me entristece: onde deveria existir sensibilidade, delicadeza e junção, há vaidade, superficialidade e rompimento.
Nestes dias de feriado do dia do trabalho e sem trabalho, sem construções teatrais nem nada, peço bênção a São Genésio, para que ele conceda a todos coração.
E aqui deixo a canção São Genésio, de Tata Fernandes e Gero Camilo (ator que esteve numa das peças de teatro mais lindas que vi, O Vau da Sarapalha, baseado do conto homônimo de Rosa). A música ouço na voz da delicada Ceumar, mas aqui fica apenas o registro da letra. É o que vou desejando nestes dias...


São Genésio

Santinho pequenininho de coração
Assim assim pequenininho
Protege tua legião
Abençoa nosso ofício
Que o drama, que o riso
De forma assim assim pequenininha
Conceda a todos coração
Abençoa nosso ofício
Que o drama, que o riso
De forma assim assim pequenininha
Conceda nosso ganha pão
São Genésio protege tua legião
São Genésio concede a todos coração
São Genésio concede nosso ganha pão

domingo, abril 22, 2007

didi mocó sonrisal colesterol novalgino mufumbo

Um amigo me trouxe hoje a lembrança de Renato Aragão, o Didi. E eu encontro em vídeo esta maravilhosa brincadeira com a Maria Betânia. Feliz de mim que tive na infância estes trapalhões politicamente incorretos e deliciosos.

quinta-feira, abril 19, 2007

dia de rei


Os índios, Roberto Carlos e as baleias que cruzaram oceanos comemoram este dia. E eu celebro o rei Roberto porque ele faz de mim algo mais piegas, tanto mais romântica. E eu acordo com ele, vivo com ele. E durmo com ele. E viajo com ele. E danço com ele. E choro com ele. E eu amo com ele.
Mas como queria Heráclito, o reinado também passa, feito um rio. E o rei é correnteza forte e pedra no meio do caminho. Algumas vezes, o rei ficou nu. E tudo se calou frente ao fato de que o rei era mais bonito nu: mutilado, voltou a ser infinito, o rei. Para o rei Roberto e também para mim e para você neste dia de reisado, uns versinhos de outro ariano, o poeta português Abel Neves:

Quatro versos para um grego de Éfeso

Não sei quantas águas tem este rio ou
sei que outro é o rio
que estas mãos aquecem
E outras são as mãos

quarta-feira, abril 18, 2007

tibet, um refresco


Tanta violência urbana aqui nas Américas e eu no Tibet antes de Mao. O Tibet era mesmo um outro mundo. E eu o sinto por dentro, para que as notícias dos telejornais não me carreguem para o medo ou para o ódio.

sexta-feira, abril 13, 2007

bienal




Hoje começa a Bienal do Livro da Bahia. Trabalhei nas duas últimas versões. Nesta, serei público e também convidada: estarei com a Állex Leila no dia 15, domingo, ás 18:30h, no Café Literário (as duas moças das fotinhas somos nós). Apareçam para uma visita nesta outra casa. Uma casa de livros, dizem. Mas nem sempre da literatura. Este ano homenageiam Portugal, entretanto falta a presença de mais escritores lusos no evento. Mas reunir uma dúzia e meia de pessoas que queiram falar e ouvir poesia e prosas já é uma vitória, portanto.


A programação:
13/04 - 20h30 - Moacyr Scliar
14/04 - 18h30 - Francisco José Viegas
20h30 - Zuenir Ventura
15/04 - 18h30 - Adelice Souza e Alex Leilla
20h30 - Amyr Klink
16/04 - 18h30 - Damário da Cruz e Carlos Ribeiro
20h30 - Myriam Fraga
17/04 - 18h30 - Renata Belmonte e João Filho

20h30 - Walter Fraga Filho e Ubiratan Castro de Araújo
18/04 - 18h30 - Rita Santana e Marcus Vinícius
20h30 - Sergio Cabral e Paulo César de Araújo
19/04 - 19h30 - Gilka Maria
20/04 - 18h30 - Ruy Espinheira Filho
20h30 - Fernanda Young e Diógenes Moura
21/04 - 20h30 - Nelson Motta
22/04 - 18h30 - Aleilton Fonseca e Washington Queiroz
20h30 - Elisa Lucinda


domingo, abril 08, 2007

argentina, argêntea

Acho um pouco triste que a música representativa de um país seja o tango, este ritmo tristonho. Mas há o bandoneon, o marido da sanfona. E a voz argêntea de Gardel, este homem branco bonito.
Então ouço Yira, Yira e sou só alegria. Continua em mim o embalo do seu som e não há mesmo como não dançar.
E a minha belíssima sanfoninha "la viuvita" também respira em espanhol por Gardel.
Das coisas boas que a Argentina produz: a segunda melhor literatura do mundo, uns vinhos e o tango dançando no corpo e na voz deste beau homme blanc.
E para não dizer que é semana santa e eu não falei do sagrado, da Argentina também tem Cortázar (que cresceu tanto que já é quase deus...)

domingo, abril 01, 2007

eco e narciso

Echo and Narcissus (1903) by John Waterhouse

Diálogo tão pequeno...mas como diz tanta coisa...mas como dói...

Narciso, numa caça, perde-se na floresta, onde Eco, escondida, observa-o encantada.
Narciso -
Ecquis adest? - Há alguém?
Eco -
Adest. - Há alguém.
Narciso -
Veni ! - Vem!
Eco -
Veni! - Vem!
Narciso (que só ouve a própria voz) -
Quid me fugis? - Por que foges de mim?
Eco (ouvindo exatamente o que sempre quis ouvir e dizendo o que sempre quis dizer) -
Quid me fugis? -Por que foges de mim?
Narciso -
Huc coeamus – Aqui, unamo-nos .
Eco (saindo exultante de seu esconderijo) -
Coeamus - Unamo-nos!
Narciso (que finalmente vê Eco e descobre que a voz não é a sua própria) -
Manus complexibus aufer! ante emoriar, quam sit tibi copia nostri – Retira de mim tuas mãos que me abraçam. Antes morrer. Não me entrego a ti.
Eco (já apaixonada por Narciso e sem compreender sua recusa) - Sit tibi copia nostri – Me entrego a ti.



quinta-feira, março 29, 2007

fronte

Mãe, tuas rugas não são daninhas
E nem estão sozinhas.
Elas também são minhas, são minhas.

terça-feira, março 27, 2007

tem circo, sim senhor!


Piolin faria 110 anos hoje se estivesse vivo (não estará?).
Canjiquinha, meu clown que adormece dentro de uma mala, deixa aqui um beijo de palhaço daqueles bem barulhentos.

evoé, affonso!


Hoje é dia do teatro, mas não há muito a celebrar, pois o teatro não anda muito bem das pernas por aqui. Vai quebrando as pernas, vai remendando as pernas, como se as pernas fossem de vidro, como se as pernas fossem de pano. Não há carne, nem osso nem músculo nem sangue. Só articulações emendadas com parafusos. Ou são as coisas que eu tenho visto que já não me emocionam.

Mas vem sendo diferente com a música, com o cinema, com a poesia... por isso neste dia do teatro de 2007 há algo muito grande para comemorar: Afonso Romano de Santanna, seus setenta anos de poesia e suas belas palavras soltas no mundo.
Evoé, Affonso!



”Debaixo de minha escrita
há sangue em lugar de tinta
-e alguém calado que grita.”

(De O duplo, ARS)

domingo, março 25, 2007

naïf


A figura acima é Le couaggaby, de Aloys Zötl, feita em 1882. Eu tenho verdadeira adoração por arte naïf. O ingênuo e o primitivo me seduzem. Conheci Zötl, este naïf austríaco, através de Cortazar, que a pedido do italiano Franco Ricci, fez um texto a partir de gravuras dele. Este cavalo-zebra poderia muito bem ilustrar A casa tomada, de Cortazar. Este mistério pueril, este jogo secreto que é a escrita de Cortazar.
E escrevendo agora, por acaso(?) me lembro de uma comemoração que fiz parte quando era criança e onde havia adultos vestidos de bichos para animar a festa. As roupas eram belíssimas, feitas de veludo e pelúcia. Mas eu achei, na ocasião, todos os outros animais silvestres e domésticos feios ou apavorantes e me mantive o tempo todo perto da zebra, a fantasia menos popular da festa, que apenas atraíu a mim e a um outro garotinho.

segunda-feira, março 19, 2007

uma escolha


O monge podia escolher apenas uma fruta para o seu desjejum. O monge olhava as frutas: havia banana, tangerina, maçã, abacaxi, melão, mamão e melancia. Era um monge dos trópicos e tinha fome, mas não sabia qual fruta escolher: todas lhe pareciam apetitosas, mas nenhuma delas, isoladamente, satisfazia plenamente o monge. Então o mestre lhe disse: escolha a fruta mais difícil, assim lhe parecerá que ela possui o sabor da romã, que não há. E, desta forma, poderá até fazer bem ao coração.

quarta-feira, março 14, 2007

um romântico


Hoje, na minha cidade, Castro Alves, é dia de festa e poesia. As barraquinhas na rua lembram uma quermesse e entre uma guloseima e um licor, há versinhos. Mas também há teatro: o ator Marcos Machado e o seu espetáculo Românticos.
Castro Alves, o poeta, amou uma atriz portuguesa, Eugênia Câmara. E antes dela e depois dela, também amou o teatro. Marcos, no seu monólogo, brinca com estes dois personagens, ora sendo a atriz, ora fazendo o poeta.
Também estou em Castro Alves com os meus livros. E mais perto do poeta. E mais perto do ator.
Encontro por aqui apenas esta imagem do Marcos Machado. Nela também há teatro e literatura: em outro palco, num lançamento meu, ele me ofertava sua interpretação de Fernando Pessoa.
Deixo aqui um trechinho de Castro Alves dedicado à Eugênia Câmara. Foi feito no dia seguinte ao de uma vaia sofrida por ela no Teatro Santa Isabel, no Recife.

“Tu és tão grande como é grande o gênio
És tão brilhante como a própria luz,
Dentre os infames do calvário d'arte,
Tu foste o Cristo, foi o palco a cruz! ...”

sexta-feira, março 09, 2007

bonsai


Isto é um bonsai: é bonito e nem precisa entender pra saber...
(vejo-o, ele cheira á pitanga...e vou ouvindo Mio Matsuda cantando a minha bahia em japonês)

pelé disse love love love


Não entendo de futebol e talvez por isso mesmo, não goste. Saio perdendo. Quem sabe ele não tem lá a sua poesia...
Nelson Rodrigues dizia que uma boa partida de futebol valia mais que toda a obra de Shakespeare. Tá bom, Nelson, não vou concordar, mas fico no gol número 1000 do Pelé e o placar que, na hora h, trocou os números pelas letras da palavra amor. Em inglês. Que não é tão bonita quanto a nossa - perdão, Shakespeare - mas é bem redondinha, como uma bola no campo.
E foi assim que Pelé disse love. E é assim que mãe joana agradece à visita número 1000 nesta casa.

quinta-feira, março 08, 2007

poesia é coisa de mulher

Houve aqui em Salvador um espetáculo com este título, escrito em 1998 por Claudius Portugal. Uma brincadeira de um poeta e homem que colocava a mulher no centro do ato poético e cênico.
Abaixo, o trecho IV, de Do desejo, de Hilda Hilst, uma mulher e poeta que também escreveu para aquém e além destas coisas femininas.

Venus with a Bird on her Shoulder
De Márcio Melo


"Se eu disser que vi um pássaro

Sobre o teu sexo, deverias crer?
E se não for verdade, em nada mudará o Universo.
Se eu disser que o desejo é Eternidade
Porque o instante arde interminável
Deverias crer? E se não for verdade
Tantos o disseram que talvez possa ser.
No desejo nos vêm sofomanias, adornos
Impudência, pejo. E agora digo que há um pássaro
Voando sobre o Tejo. Por que não posso
Pontilhar de inocência e poesia
Ossos, sangue, carne, o agora
E tudo isso em nós que se fará disforme?"

segunda-feira, março 05, 2007

pour faire le portrait d'un oiseau


Para pintar o retrato de um pássaro. De Jacques Prévert para Elsa Henriquez:

Primeiro pintar uma gaiola
com a porta aberta
pintar depois
algo de lindo
algo de simples
algo de belo
algo de útil
para o pássaro
depois dependurar a tela numa árvore
num jardim
num bosque
ou numa floresta
esconder-se atrás da árvore
sem nada dizer
sem se mexer...
Ás vezes o pássaro chega logo
mas pode ser também que leve muitos anos
para se decidir
Não perder a esperança
esperar
esperar se preciso durante anos
a pressa ou a lentidão da chegada do pássaro
nada tendo a ver
com o sucesso do quadro
Quando o pássaro chegar
se chegar
guardar o mais profundo silêncio
esperar que o pássaro entre na gaiola
e quando já estiver lá dentro
fechar lentamente a porta com o pincel
depois
apagar uma a uma todas as grades
tendo o cuidado de não tocar numa única pena do pássaro
Fazer depois o desenho na árvore
escolhendo o mais belo galho
para o pássaro
pintar também a folhagem verde e a frescura do vento
a poeira do sol
e o barulho dos insetos pelo capim no calor do verão
e depois esperar que o pássaro queira cantar
Se o pássaro não cantar
mau sinal
sinal de que o quadro é ruim
mas se cantar bom sinal
sinal de que pode assiná-lo
Então você arranca delicademente
uma das penas do pássaro
e escreve seu nome num canto do quadro.

sábado, março 03, 2007

razões adicionais para os poetas mentirem


Do maravilhoso O naufráfio do Titanic,
de Hans Magnus Enzensberg

"Porque o instante
em que a palavra feliz
é pronunciada
nunca é o instante da felicidade.
Porque o sedento
não dá voz à sua sede.
Porque o proletariado é uma palavra
que não vem aos lábios do proletariado.
Porque quem desespera
não tem vontade de dizer:
"Sou um desesperado".
Porque o orgasmo e orgasmo
não são compatíveis entre si.
Porque o moribundo, em vez de declarar:
"Estou morrendo",
emite apenas um débis estertor
que não chegamos a compreender.
Porque são os vivos
que enchem a cabeça dos mortos
com suas notícias aterradoras.
Porque as palavras chegam tarde demais
ou cedo demais.
Porque é portanto um outro,
sempre um outro,
que tem a fala,
e porque aquele
de quem se fala,
cala."

sexta-feira, março 02, 2007

maninha

E nem é poesia, é canção. Mas é Chico Buarque. E então...


Se lembra da fogueira
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões
A roupa no varal,
feriado nacional
E as estrelas salpicadas nas canções
Se lembra quando toda modinha
Falava de amor
pois nunca mais cantei, oh maninha
Depois que ele chegou


Se lembra da jaqueira
A fruta no capim
Dos sonhos que você contou pra mim
Os passos no porão, lembra da assombração
E das almas com perfume de jasmim
Se lembra do jardim, oh maninha
Coberto de flor
Pois hoje só dá erva daninha
No chão que ele pisou


Se lembra do futuro
Que a gente combinou
Eu era tão criança e ainda sou
Querendo acreditar que o dia vai raiar
Só porque uma cantiga anunciou
Mas não me deixe assim, tão sozinha
A me torturar
Que um dia ele vai embora, maninha
Pra nunca mais voltar...

quinta-feira, março 01, 2007

efemérides



Um pouco de poesia neste início de março. E sigo com ela até o dia 14, em homenagem aos festejos de 160 anos de nascimento de Castro Alves, este poeta que deu nome à minha cidade.
De Lorca, em 10 de novembro de 1919:


SI MI MANOS PUDIERAN DESHOJAR

Yo pronuncio tu nombre
en las noches oscuras,
cuando vienen los astros
a beber en la luna
y duermen los ramajes
de las frondas ocultas.
Y yo me siento hueco
de pasión y de música.
Loco reloj que canta
muertas horas antiguas.


Yo pronuncio tu nombre,
en esta noche oscura,
y tu nombre me suena
más lejano que nunca.
Más lejano que todas las estrellas
y más doliente que la mansa lluvia.


¿Te querré como entonces
alguna vez? ¿Qué culpa
tiene mi corazón?
Si la niebla se esfuma,
¿qué otra pasión me espera?
¿Será tranquila y pura?¡
¡Si mis dedos pudieran deshojar a la luna!!

terça-feira, fevereiro 27, 2007

filhote de Ganesh

Há elefantes de vários tipos. Este é de pedra. Ou antes: de papel. Ou mais: de luz, da poeira dos átomos. Mas também há os de vidro, os de cal. E também os mais comuns, de pele e ossos e presas de marfim desejadas pelos caçadores e pelos poetas. Os elefantes gostam de se balançar para um lado e para o outro. Assim, vão atingindo uma calma. Sabe-se lá o que deu naquele outro, em Sri Lanka, para avançar com fúria num automóvel...

domingo, fevereiro 25, 2007

cura







Eu vim. Está escuro, eu sei.
Mas eu quero ser tua por uns dias.
Não reconheço esta estação, nem esse cabelo, essa voz
Tudo é estranho e é assim que eu desejo
Ser tua por uns dias
Depois voltarei ao chão, ao barro batido na estrada fria
Mas vim para ser tua por uns dias
Se tu quiseres.
Pois nada sei de ti, um eco, um vôo, nada mais.
E talvez por isso mesmo
Eu queira ser tua por uns dias.
Para ver o íntimo do gelo
Sendo tua.
Ter a tua glória, tua graça, teu dedo.
E ser tua, sempre, mesmo partindo.
E deixar em teu sangue o meu verão.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

na casa dos trinta

Safo, por Charles-August Mengin- 1877



Na casa dos trinta...Cristo morreu crucificado, katherine Mansfield tuberculosa, Sylvia Plath e Florbela Espanca com o suicídio.
Na casa dos trinta...Kafka nos legou O processo, Balzac eternizou uma personagem, Rulfo trouxe Pedro Páramo, Buda atingiu o nirvana, nasceu a Madame Bovary em Flaubert, Shakespeare investigou o "ser ou não ser" através do seu Hamlet, o mestre Guimarães Rosa já vasculhava o sertão com Sagarana, Camus fez Calígula, o Hiperion reluziu de Holderlin, As flores do mal brotaram de Baudelaire, sir Scott colocou sua dama no lago e Proust iniciou sua odisséia em busca do tempo perdido.
Na casa dos trinta... Vários nem encontraram a chave para abrir a porta: Castro Alves, Alfred Jarry, Shelley, Álvares de Azevedo, Anne Frank, Sarah Kane, Noel Rosa, Büchner, Thomas Chatterton, Tutankamon...
Na casa dos trinta... Lorca despediu-se das casas terrenas com A casa de Bernarda Alba, morada de lindas mulheres com menos e mais de trinta.
Na casa dos trinta... Mulheres nascem e morrem, moças sorriem, velhas choram seus prantos e meninas estendem a mão.
Na casa dos trinta...Também estou eu. E estão mãe joana e outras anas, cíntias, cássias, clarissas, cibeles, reginas, fabíolas, vanessas, adrianas, nadjas...e agora karina. Seja bem-vinda!

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

cinzas


Hoje é o começo da quaresma. Tempo de arrependimento e de reflexão para os cristãos. Dia também de término do prazo para o Irã inibir o enriquecimento nuclear. Dia de cinzas. E penso nas cores do Kurosawa nos episódios de Sonhos, as fumaças cinzas e coloridas da radiação nuclear. O sensível japonês usa as cores como realidades sensoriais e elas falam por si, despertam sentimentos, provocam bons tumultos aos sentidos. Penso em Chernobyl, em Nagazaki,penso no Cesio 137 de Goiânia e nas crianças que brincaram com luz e ficaram azuis. Penso como as mesmas cores podem ser boas e más, como tudo que existe no mundo. Mas não gosto do jejum e nem das possíveis cinzas do Irã. Fico eternamente com a nostalgia colorida do carnaval.

domingo, fevereiro 18, 2007

sábado, fevereiro 17, 2007

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

acordes para o folião


Hoje faz dois meses que Sivuca se foi. E eu ainda ouço o lamento do acordeon.
Há dois meses Sivuca ficou entre nós apenas com sua música.
Sivuca é carnaval com sua feira de mangaio, Sivuca é quarta-feira de cinzas com o seu cabelo de milho.
Ele é frevo sanfonado, forró chorado.
Para Sivuca, até a abstinência de carne na Quaresma.
Sem Sivuca, o mundo fica mais solitário, mais invernoso.
Pois Sivuca é festejo, baile, desfile, folguedo.
Sem máscara, consegue ser fantasia e folia.
Eu elegeria Sivuca como o meu Rei Momo e lhe entregaria todas as chaves da minha cidade para ouvir a sua sanfona dias e dias inteirinhos.
Por Sivuca, eu iria feliz, a pé, de joelhos até, atrás do trio elétrico

terça-feira, fevereiro 13, 2007

dodes'ka-den



Uma vez visitei um cemitério de trens. E é de uma tristeza apavorante. Trilhos e trilhos de história inutilizada. Sinto falta dos trens na minha vida. Dos sons, da estação primeira que eu conheci e que já era, naquela época, uma ruína. Um amigo escritor, Mayrant Gallo, no seu livro Dizer adeus, cita o meu nome num poema sobre trens. Um poema que encerra o livro e eu entro no vagão. E ainda há o trenzinho caipira do Villa lobos. E o trem de ferro que quando vem de Pernambuco vai fazendo fuco fuco até chegar no Ceará. E o trem do Manoel Bandeira com o seu café-com-pão, café-com-pão. Tudo ali também é música. Ai, que vontade de cantar. E o Tren a las nubes, que negou o seu passeio para mim. E os inúmeros trens fantasmas que me arrepiaram mais do que os atores que fizeram o pai do Hamlet. E o trem do Zé Olímpio, guardado numa caixa, para quando o seu neto nascer (porque menina catarina gosta mesmo é de boneca e lagartixa...).

Ai, os caminhos dos trens... Um trem é uma ciranda.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

joão e maria

João era um menino de seis anos que, preso num cinto de segurança, do lado de fora do carro, foi arrastado 7 km por assaltantes nas ruas do Rio de Janeiro.
Maria era uma menina de sete anos que, vestida com uma fantasia de boneca, ia para uma festinha na escola, quando foi morta por uma bala perdida de uma briga na favela do Rio de Janeiro.
Da barbárie, ficam a dor, a impunidade e o meu medo. E uma pequena, pequeníssima possibilidade de mudanças na legislação na cidade maravilhosa, cheia de encantos mil, cidade maravilhosa, coração do meu Brasil.

artistas da fome II


Não consigo viver sem paixão, por isso a carne pulsando com o sangue, por isso o bife mal passado. Não compreendo a fotossíntese, os herbívoros, os vegetarianos.