Há diversas explicações para o OM, todas muitíssimo belas. Aprecio muito a interpretação da Nadabindu Upanisad, que apresenta uma personificação mítica da palavra OM, imaginada como um pássaro, cuja asa direita seria a letra A, a esquerda a letra U e a cauda, a M. Gosto de imaginar a longa cauda do fonema e o som se propagando continuamente. Num estado profundo de meditação, um yogin pode chegar ao ponto de não ouvir mais nenhum som. Por enquanto,esforço-me para ouvir os sons sutis do universo. Mas quando ouço o OM dentro de mim, ainda são tempestades, cascata e ventanias. Talvez chegue o tempo das flautas, da vina, do sussurro das abelhas. E quem sabe, um dia, o silêncio...
quarta-feira, fevereiro 27, 2008
segunda-feira, fevereiro 18, 2008
cédula?
sexta-feira, fevereiro 08, 2008
exaustão
Eu trabalhava numa ong que foi fraudada por funcionários cínicos e corruptos.
Dezenas de jovens artistas talvez perderam suas únicas oportunidades de caminhar na arte. Repouso numa cidade suja que, depois do carnaval, os buracos nos alfaltos e o odor de urina causam infinitos danos ao pneuma dos carros e ao meu nariz e ao meu pulmão. Moro num país onde os noticiários revelam escândalos diários com políticos que nem trazem a vergonha como punição. Deliberadamente promulgam leis que alteram a ordem física e climática da cidade, utilizam-se descaradamente de dinheiro público através de cartões corporativos e depois de amanhã ninguém sabe o que será. Mas alguma coisa infelizmente haverá de ser. Um simples café expresso mataria a fome de uma semana de uma criança em Gana. Mas continuamos a beber os cafés expressos e as crianças africanas permanecem na míngua. Uma exaustão. A foto premiada no World Press Photo, de Tim Hetherington, expondo o cansaço de um soldado americano dentro de uma trincheira no Afeganistão não traduz a exaustão de um mundo, traduz a exaustão de uma nação. A minha guerra é uma outra guerra, a minha exaustão é outra. Mas eu e o soldado vivemos neste mesmo mundo.
quarta-feira, fevereiro 06, 2008
para um amado senhor
Em período pós-carnavalesco,um pouco de Hilda Hilst, uma poetisa dionisíaca que habitou uma apolínea Casa do Sol:
Nave
Ave
Moinho
E tudo mais serei
Para que seja leve
Meu passo
Em vosso caminho.
(I)
* * *
Dizeis que tenho vaidades.
E que no vosso entender
Mulheres de pouca idade
Que não se queiram perder
É preciso que não tenham
Tantas e tais veleidades.
Senhor, se a mim me acrescento
Flores e renda, cetins,
Se solto o cabelo ao vento
É bem por vós, não por mim.
Tenho dois olhos contentes
E a boca fresca e rosada.
E a vaidade só consente
Vaidades, se desejada.
E além de vós
Não desejo nada.
(XIII)
Trovas de muito amor para um amado senhor
Nave
Ave
Moinho
E tudo mais serei
Para que seja leve
Meu passo
Em vosso caminho.
(I)
* * *
Dizeis que tenho vaidades.
E que no vosso entender
Mulheres de pouca idade
Que não se queiram perder
É preciso que não tenham
Tantas e tais veleidades.
Senhor, se a mim me acrescento
Flores e renda, cetins,
Se solto o cabelo ao vento
É bem por vós, não por mim.
Tenho dois olhos contentes
E a boca fresca e rosada.
E a vaidade só consente
Vaidades, se desejada.
E além de vós
Não desejo nada.
(XIII)
sábado, fevereiro 02, 2008
um ano
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