domingo, novembro 14, 2010

meu mestrado nas escolas de Dança e Teatro


Dia 19 de novembro de 2010, às 09 horas da manhã, no Teatro Martim Gonçalves, na Escola de Teatro da UFBa, no Canela, estarei concluindo o meu projeto de mestrado: KĀLĪ, A SENHORA DA DANÇA — Uma construção dramatúrgica a partir dos elementos do Yoga.
Para este trabalho, tive a preciosa orientação de Cleise Mendes.
Será mais uma sexta-feira de rito.
E que as pessoas queridas estejam presentes!

quarta-feira, agosto 25, 2010

chá e poesia

Cleise Mendes e Roberval Pereyr terão suas poesias lidas e comentadas, amanhã, dia 26, às 17 horas, no projeto Encontros Literários da Academia de Letras da Bahia. Estive presente em algumas edições do evento e é maravilhoso que exista um momento em que as pessoas possam se reunir em volta da palavra, como se ela fosse uma fogueira. Já participei como contista e como platéia. Amanhã estarei, juntamente com Nildecy Miranda, comentando os belos textos destes dois poetas (Cleise especialmente querida: professora de dramas, colega de ofício e minha orientadora no mestrado).
O que se pode esperar é a fausta presença de leitores. Meia dúzia deles e já será um luxo! Portanto, apareçam para este chá!

segunda-feira, agosto 16, 2010

the imaginarium of doctor parnassus


Parnasso é o monte grego próximo a Delfos, sede do oráculo de Apolo; e à cidade de Corinto, local onde cresceu o maior protagonista de todos os tempos, Édipo. Terry Gilliam, com sua deliciosa genialidade, escolheu o nome Parnassus para nomear o seu imortal protagonista de cabelos desalinhados que faz teatro e meditação tal qual o deus Śiva, o Dioniso dos Himalaias. Fabuloso, fantástico, fenomenal, inaudito, extraordinário, inesquecível, incrível e ainda é pouco para falar de mais esta obra-prima deste formidável monty python. Mas, apesar de tudo, as divinas criaturas de Terry Gilliam não pagam as dívidas que os Estados Unidos produzem no mundo. E sei que não tem nada a ver uma coisa com outra, mas quando terminou o filme, também pensei nisso.

domingo, agosto 15, 2010

o que não se come


Das coisas que se aprende e que não se aprende: Dias desses uma amiga me disse que a palavra companheiro vem das palavras ‘cum’ e ‘panis’, significando ‘aquele com quem dividimos o pão’. Vivi durante muitos anos com um homem maravilhoso, mas que não tomava café da manhã comigo. Porque não gostava de comer tão cedo, porque gostava de acordar tarde. Embora soubesse que a refeição matutina era a minha favorita. Era companheiro em infinitas coisas, contudo não fabricava este sentido etimológico. Uma coisa tão pequena, tão simples, meu Deus, e talvez tenha sido por isso que um grande amor não sobreviveu. As palavras. Por outro lado, seria capaz de amar por muitos anos um homem que apenas troca comigo umas poucas palavras, mesmo sem a divisão do pão. Que coisa tão complexa, meu Deus, tão complexa. E quando se tem o pão, a companhia e as palavras todos os dias, ainda se quer uma dança acompanhando o fritar dos ovos, um suco de laranja com um largo sorriso. Hoje comi o meu pão sozinha, coisa inédita nesses últimos tempos que tenho um companheiro com quem divido o pão, o beiju, a pamonha, a banana, o lelê. A solidão serviu-me para que eu percebesse que Deus estava comigo, sentado à mesa, sorrindo ao meu lado. E para além da sua companhia, pedi-lhe o pão, a dança,as palavras, os ovos, a laranja, o sorriso e as infinitas coisas. E ele disse que se eu já tinha Deus, não podia mais pedir o impossível. Mas, Deus, é tudo assim simples e complexo: o que eu quero é exatamente o impossível.

sexta-feira, julho 02, 2010

último round


O país inteiro se comove com a bola e não dá pra ficar de fora, mesmo que se queira. Faltou luz na minha casa nos últimos instantes do jogo e foi muito bom. Não pela ausência do luto, mas para não ouvir falarem mal dos meninos do bem. Moços bons e franscicanos não ganham nas copas. Moços bons e fransciscanos ganham nas suas íntimas histórias. E isso vale o jogo da vida. Bom um tempo em que os jogadores podem ser escolhidos por uma ética qualquer distante dos grandes nomes nas famosas embalagens. Dunga não é um anão da Branca de Neve. É um gigante da Canarinho. E como eu disse recentemente a um amigo: este país não precisa ganhar outra Copa do Mundo, precisa ganhar um Nobel.

Na foto, Cortazar, que saiu de cena, no último round, sem Nobel. E ainda assim é o maior de todos.

antes que julho invada, um foguete

quarta-feira, junho 30, 2010

Junho vai se esquivando. Na falta da guerra de espadas da minha cidade, uma procissão de guarda-chuva para São Pedro na Avenita Sete. Quando Jesus passar, eu estarei no meu lugar. Pessoas sorridentes tocando com dedos o filó azul, que era o mar delas. Ao invés da guerra de espadas, a paz de copas. Eu acompanhei a procissão, com meu guarda chuva azul e o meu vestido de cassa bordada, quadriculado verde, amarelo e branco, que o querido David diz que parece uma toalha de mesa. E o vestido fica mesmo lindo com minha bolsa nova de palha, lá do Santo Antônio, toda colorida horizontalmente, toda arcô. Irisante. Sandália de Seu Expedito e eu sou uma quadrilha, uma árvore de natal, a Rainha do Milho, uma alegria na passarela.
Ai, junho...como gosto de ti!
E não há imagem para isso tudo.

terça-feira, junho 08, 2010

acontecimentos juninos



Para mim, são sempre especiais as coisas que acontecem neste mês de junho. Ao lado de dezembro, que abriga as festas jesuínas e o meu aniversário, são os dois meses que gosto mais. E hoje, duas queridas pessoas estão envolvidas em acontecimentos públicos: David Glat, com suas Pérolas Imperfeitas, tendo abertura de exposição em Fortaleza (Espaço Multiuso) e Ney Wendell, que lança o seu primeiro livro sobre teatro e educação na Escola de Teatro da UFBA. Mãe Nonana está em festa! Para os dois: forró, canjica, amendoim e toda fartura do mundo.

domingo, abril 25, 2010

primeira audição


Nesta segunda-feira, dia 26, o projeto de literatura PRIMEIRA AUDIÇÃO, idealizado pelo escritor e editor Claudius Portugal, inaugura na Livraria Tom do Saber (na pirâmide do Rio Vermelho),às 19:45h.

Um escritor lê trechos do seu próximo livro e depois troca figurinhas com quem o ouve.

E serei eu a primeira convidada a ler.

A idéia é que os amigos e leitores presentes possam assistir à PRIMEIRA AUDIÇÃO de um texto que ainda está sendo criado.

Mais do que falar, será bom ouvir o que terão a dizer sobre este meu segundo romance, que, por enquanto, é só um rabisco chamado "Pia". Uma estória de amor. Um conto de fadas. Uma fábula. Qualquer coisa assim.
Um bom pretexto para um encontro.
Aguardo feliz como o gato na janela do Cortazar.
O que estaria o grande homem a dizer?

quinta-feira, abril 22, 2010

butoh-ma


Ando apreciando e dançando os movimentos do Oriente: o sol quando fica claro e o sol quando fica escuro. E por isso estive com o Tadashi Endo alguns dias em São Paulo dançando um trânsito, um estar entre a sombra e a luz.

Agora ele está pela primeira vez em Salvador com os espetáculos Butoh-Ma e Ikiru, este último em homenagem a Pina Bausch. É imprescindível vê-lo.

Nos dias 24 e 25 de abril, no Teatro Vila Velha, às 20h. Na programação do www.festivalvivadanca.com.br

sábado, abril 10, 2010

quero ser um grupo de teatro


uma vontade que veio quando vi que já não quero trabalhar com quem não gosto, com quem não compartilha do mesmo sonho, com quem traz fórmulas prontas para a emoção, com quem age como estrela quando ainda é meteoro: há sempre o risco do brilho forte ser passageiro.

um desejo que cresceu depois da minha experiência como debatedora num festival de teatro em alagoas, um estado onde basicamente quem faz teatro está num grupo. quero ter um grupo de teatro...

...tão simples assim... um grupo de pessoas boas e encantadas que se encontrem muitas horas do dia para ensaiar muito no intuito de deixar o espelho bem limpo para refletir o que há de melhor: a beleza.
Flor, minha flor, flor vem cá.....
Flor, ó minha flor, lará lará lará.....
foto: uma cena de teatro do grupo clowns de shakespeare, do rio grande do norte.

terça-feira, março 23, 2010

guimarães rosa: escritor e vaqueiro

Por parte de pai, sou a neta mais velha de uma família muito numerosa. Certa feita, uma velhinha me abordou emocionada no meio da feira para dizer que eu era idêntica a uma amiga dela de infância. Perguntando o nome do meu pai, ela se emocionou mais ainda porque eu era realmente parente da amiga dela, a Isabel, minha bisavó paterna. Deste lado familiar de origem, veio toda a minha andança nas roças, nos pastos de gado, nos pés de fruta, nas montarias a cavalo. Isso foi se perdendo quando o avó e o avô se mudaram para a cidade. Hoje, parte desta minha herança preciosa se vai com a morte da minha última avó. O seu timbre de voz, seu fogão de fumeiro, seu pote d'água. Mas temos ainda Guimarães, não é? que será eternamente nosso, basta abrirmos uma página. E abro. E um bonito escritor diplomata médico imortal quase nobel e vaqueiro aparece na minha frente, dizendo que nada morreu, que tudo está comigo e estará para sempre. Neste ínterim, recebo a notícia que, na II Conferência Nacional de Cultura, oficializaram no país a profissão de vaqueiro. Só me dá uma alegria ter nascido na minha família, ter um nome que vem do cego Aderaldo, violeiro cantador do sertão, e morar neste lugar e falar esta língua.

sábado, março 13, 2010

dengue


Chovia a cântaros e os sapos cantarolavam nos pântanos e no terreno baldio junto a casa, numa serenata confusa. Um mosquito sofrendo por não saber cantar, afastou-se da sua nuvem e encontrando uma fresta no telhado da casa, adentrou em busca de abrigo. Viu um clarão e se aproximou. Na frente do clarão, uma moça mexia os dedos inquieta e os olhos grudados na luminosidade não observaram as pequenas pedras preciosas fincadas na asa do inseto, como pontos estelares, parte brilhante do seu veneno.
O mosquito, apreensivo e com medo, pensou que a moça também padecesse do seu mesmo mal: uma distância qualquer de tudo que importa. Apressadamente, quis remover a causa da dor, encostando-se levemente em seu peito, num beijo tortuoso.
A moça agora anda prostrada e tudo é lento: movimento, alento, pensamento.
Só uma pergunta permanece veloz no seu delírio: por onde andará o mosquito?

segunda-feira, março 08, 2010

hamsa




Acho mesmo uma verdadeira bobagem mulher ter um dia internacional. Mas pela ocasião da festa do Oscar e da melhor coisa do prêmio, que são os vestidos, não posso deixar de lembrar um dos mais incríveis de todos os tempos, o da Björk, em 2001, de cisne. A cantora era uma deusa pop, montada em seu veículo e a deslizar no tapete vermelho pondo ovos. The oscar goes to Sarasvatī.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

a visão da flor


Ando nestes universos das artes orientais e da ciência. Assim, não há como não ficar encantada por estes dois belos, nobres e curiosos rapazes cabeludos, cheios de línguas, bigodes e barba. Trecho de uma conversinha deles, em inícios do século passado:

TAGORE: Uma vez perguntei a um músico inglês para analisar uma música clássica, e explicar-me quais os elementos que contribuiam para a beleza daquela peça.
EINSTEIN: A dificuldade é que a música realmente boa, quer seja do Leste ou do Oeste, não pode ser analisada.
TAGORE: Sim, e o que afeta profundamente o ouvinte está além da própria música.
EINSTEIN: A mesma incerteza sempre estará lá, é fundamental em nossa experiência, na nossa reação à arte, seja na Europa ou na Ásia. Mesmo a flor vermelha que vejo diante de mim pode não ser a mesma para você e para mim.
TAGORE: E ainda há sempre em curso o processo de reconciliação entre eles, o gosto pessoal em conformidade com o padrão universal.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

carlinha no quintal da nossa casinha




A casa faz anos. Quantos? Não importa. Uma vez me disse assim um amigo: para um orixá, não existe passado, presente ou futuro. Assim, teve ano que dei flor, teve ano que toquei tambor. Teve ano que a rosa foi branca, noutro a rosa foi vermelha. Teve ano que foi um galhinho roubado, noutro um anel, alfazema, papel. Sempre muitos pedidos e agradecimentos, muitos, muitos. Este ano, ao invés do rio vermelho, a fazendinha encantamento, a rua da esperança número um, a mãe e a irmã no mar de jauá,
as três yemanjás.


sábado, janeiro 16, 2010

francisco, um sol

“Nessa encosta, onde é já bem declinante
o seu pendor, um outro Sol Nasceu,
como este quando do Ganges levante.
Portanto, quem citar o berço seu,
não diga Assis, que seria carente,
mas diga Oriente, que bem escolheu”
Dante Alighieri (A divina comédia – Paraíso, canto XI).


Escrevi "Francisco, um sol" para Maicon, este jovem diretor de teatro tão sensível e tão preenchido de entusiasmo pelas idéias grotowskianas. Diz a etimologia que estar entusiasmado é estar cheio de deus.
Alguns anos atrás, Gilberto Gil esteve no Liceu e Maicon, ainda garoto, recebeu o então ministro com algumas palavrinhas inspiradas. O músico retribuiu a gentileza dizendo que ele possuia uma "consciência bailarina". Ora, consciência que dança é coisa de Shiva. Então que Surya, o sol do oriente, ilumine este Francisco!
No Teatro Martim Gonçalves (dom a ter), às 20h.
Ingresso franciscanamente gratuito.




domingo, janeiro 10, 2010

teatro castro alves

Hoje, dia 10, exatamente quatro anos depois do Décimo Encontro dos Profetas populares em Quixadá, comemoramos 2010 com Jeremias no TCA. Naquele encontro conheci quase todos os profetas da chuva que me ajudaram a escrever este textinho. Ali não havia uma profetisa como Dica, a Conselheiro de saias de Goiás. Assim, inventei uma mulher que fazia profecias em forma de trova e dei-lhe o nome de Paruara, que é o nome de um poeta de lá, do sertão do Ceará. Agora, há uma sacerdotisa de Apolo e Dioniso comigo, ao som da sanfona, no palco deste teatro que leva o sobrenome dela e do poeta Cecéu, o menino que escrevia sobre os negros e o condor,
na cidade onde eu nasci.