sexta-feira, março 14, 2008

casa


Gosto de ter nascido em Castro Alves. Gosto de ter morado a infância quase inteira numa linda casa numa rua que era apelidada de rua do banheiro, mas que se chamava Hilarino Couto, nome que dias destes fiquei sabendo ser de um homem que escrevia peças de teatro ou promovia encontros de espetáculos. Algo assim numa biografia que já está se perdendo...
Hoje, dia 14, comemorando o aniversário do poeta homônimo, a cidade fará festa: haverá a fundação de uma Academia de Letras e Artes. Convidaram-me a fazer parte e eu aceitei o gracejo. Ocuparei a cadeira 14, e escolhi Hilarino Couto para patrono. Meus dois avôs chamavam-se Laurentino e Altino. Bem que Hilarino, com este nome tão feliz, poderia ser o terceiro irmão dos dois.
Assistindo Nelson Rodrigues na morada do blog de um amigo, ouço-o falar de eternidade. E tenho, nos últimos tempos, tentado compreender a questão da eternidade. A eternidade como libertação para o espírito que sempre seguirá. Mas ainda estou em passos de bebê, tropeçando.
Entro devagarinho nesta nova casinha, o Casarão de Castro Alves, em frente a uma praça que fica em frente a uma igreja. E, aos poucos, desapego-me da minha querida casa na rua da infância, despeço-me da minha adorada casa na rua da infância, transferindo esta afetividade para o Hilarino Couto, que recebe esta minha pequenina homenagem. Que ele, em sua eternidade, também me projeta e me acolha bem nesta nova casa.