quarta-feira, agosto 25, 2010

chá e poesia

Cleise Mendes e Roberval Pereyr terão suas poesias lidas e comentadas, amanhã, dia 26, às 17 horas, no projeto Encontros Literários da Academia de Letras da Bahia. Estive presente em algumas edições do evento e é maravilhoso que exista um momento em que as pessoas possam se reunir em volta da palavra, como se ela fosse uma fogueira. Já participei como contista e como platéia. Amanhã estarei, juntamente com Nildecy Miranda, comentando os belos textos destes dois poetas (Cleise especialmente querida: professora de dramas, colega de ofício e minha orientadora no mestrado).
O que se pode esperar é a fausta presença de leitores. Meia dúzia deles e já será um luxo! Portanto, apareçam para este chá!

segunda-feira, agosto 16, 2010

the imaginarium of doctor parnassus


Parnasso é o monte grego próximo a Delfos, sede do oráculo de Apolo; e à cidade de Corinto, local onde cresceu o maior protagonista de todos os tempos, Édipo. Terry Gilliam, com sua deliciosa genialidade, escolheu o nome Parnassus para nomear o seu imortal protagonista de cabelos desalinhados que faz teatro e meditação tal qual o deus Śiva, o Dioniso dos Himalaias. Fabuloso, fantástico, fenomenal, inaudito, extraordinário, inesquecível, incrível e ainda é pouco para falar de mais esta obra-prima deste formidável monty python. Mas, apesar de tudo, as divinas criaturas de Terry Gilliam não pagam as dívidas que os Estados Unidos produzem no mundo. E sei que não tem nada a ver uma coisa com outra, mas quando terminou o filme, também pensei nisso.

domingo, agosto 15, 2010

o que não se come


Das coisas que se aprende e que não se aprende: Dias desses uma amiga me disse que a palavra companheiro vem das palavras ‘cum’ e ‘panis’, significando ‘aquele com quem dividimos o pão’. Vivi durante muitos anos com um homem maravilhoso, mas que não tomava café da manhã comigo. Porque não gostava de comer tão cedo, porque gostava de acordar tarde. Embora soubesse que a refeição matutina era a minha favorita. Era companheiro em infinitas coisas, contudo não fabricava este sentido etimológico. Uma coisa tão pequena, tão simples, meu Deus, e talvez tenha sido por isso que um grande amor não sobreviveu. As palavras. Por outro lado, seria capaz de amar por muitos anos um homem que apenas troca comigo umas poucas palavras, mesmo sem a divisão do pão. Que coisa tão complexa, meu Deus, tão complexa. E quando se tem o pão, a companhia e as palavras todos os dias, ainda se quer uma dança acompanhando o fritar dos ovos, um suco de laranja com um largo sorriso. Hoje comi o meu pão sozinha, coisa inédita nesses últimos tempos que tenho um companheiro com quem divido o pão, o beiju, a pamonha, a banana, o lelê. A solidão serviu-me para que eu percebesse que Deus estava comigo, sentado à mesa, sorrindo ao meu lado. E para além da sua companhia, pedi-lhe o pão, a dança,as palavras, os ovos, a laranja, o sorriso e as infinitas coisas. E ele disse que se eu já tinha Deus, não podia mais pedir o impossível. Mas, Deus, é tudo assim simples e complexo: o que eu quero é exatamente o impossível.