quinta-feira, fevereiro 03, 2011

vestida de verde


Esta casa não é uma casa. Esta casa é um palácio da memória. De ontem e de amanhã. Esta casa não é um blog. Esta casa é uma agenda das coisas mais aparentes possíveis do movimento dos dias. Esta casa é uma verdade relativa, uma vez que é feita de poeira. De madeira, ela ainda não seria uma verdade completa, pois o inseto é uma mentira que provoca alergias.
Esta casa é preta e manchada com a cor do sangue. Esta casa devia ser verde, como a casa do menino-jesus, como a casa da fazendinha encantamento, rua da esperança número 01. Uma casa verde, sim, é uma casa de verdade. Mas enquanto uma única letrinha verde habitar a casa, a casa não será uma instituição falida.

Hoje, uma dia depois do dia da moça que dança nas águas verdes, disseram-me que não posso dançar. Como? Se sou eu uma moça que dança nas águas verdes? Um dia, num sonho, montei um balé submerso, inundado com textos de Lorca. Sim, talvez eu faça, então, um rio transposto no palco, numa coreografia sânscrita. Porque sim, claro que sim, a letra é uma dança que mistura as raças, uma linda criança mameluca de olhos encharcados de relva mágica.