quarta-feira, julho 29, 2009

segue o que teu coração está ordenando


Os hindus colocaram o sagrado coração num macaco, o Hanuman. Para ver se se a gente consegue entender o sagrado na imanência. Na foto, de peito aberto, Bira Freitas, o meu Lunário Perpétuo, apontando a direção dos ventos para Jeremias, profeta da chuva.

terça-feira, julho 28, 2009

segunda-feira, julho 27, 2009

herança de tirésias



Um haiku de Borges:


a ociosa espada
sonha com suas batalhas
outro é meu sonho











Cego Aderaldo, cantador do sertão

quinta-feira, julho 23, 2009

SEM COMENTÁRIOS



Hoje decidi tirar os comentários do meu blog. Até gostava dos comentários, nunca apareceu nenhum que tivesse realmente me irritado. Pelo contrário, os comentários sempre foram até muito bacanas para um blog tão descompromissado com este. Por causa dos comentários, revi amigos, recebi delicados recados de alunos antigos, elogios de toda sorte, já fui até paquerada anonimamente por cá. Já aconteceu uma ou duas vezes uma coisinha desagradável, mas nada que tivesse feito, na época, eu querer abolir os comentários. Pelo contrário: até gostei de ver gente entrando aqui, na minha morada, para discordar de alguma coisa. Mas hoje pensei que, na verdade, nunca quis mesmo que o blog fosse um diálogo. Ele é um monólogo evidente. E aqui é um daqueles lugares onde exercito um pouco o que pode se chamar de liberdade. É o lugar para eu escrever para mim coisinhas banais de um cotidiano invisível, palavrinhas que não acredito que devam ser jamais impressas. E se alguém quiser escrever algo pra mim, fica o mail, no topo da página, logo acima desta minha foto linda. Sim, linda sim. E agora, sem nenhuma preocupação se vão comentar ou não sobre esta minha falsa modéstia. Na verdade, esta modéstia nem é falsa, pois me odeio nas fotografias: penso que sou muito mais bonita do que sou e quando me olho nas fotos, o que vejo é uma pura decepção. Mas uma pessoa muito querida me disse que nesta foto acima, do lado, estou meio billie holliday meio frida kahlo. Então porque reclamar dos dons de David Glat, que conseguiu me deixar meio artista plástica meio cantora, coisas mesmo impossíveis em qualquer outro lugar além desta foto?
Sim, quem quiser escrever algo pra mim, fica o mail, logo acima da minha foto linda, lá em cima, do lado direito da tela para quem está teclando.
Volto a ficar só neste mar. E imagino que vou mesmo apreciar isso de nadar sozinha.
Foto de Isabel Gouvêa

segunda-feira, julho 20, 2009

sedna

Ainda sem dedos, há abraços. Ainda sem mãos, há abraços. E também há os abraços com os dedos e os abraços com as maõs. Nas águas frias da noite, Sedna abraça um pássaro.

escola da noite


Diz Abel Neves: é nas coisas pequeninas que se vêem as grandes. O seu texto, Este Oeste Éden, teve estréia teatral em Coimbra neste final de julho. E não haveria melhor lugar para um espetáculo de Abel morar senão numa escola que ensina e aprende a noite. Uma aprendizagem da noite: o abraço. Uma aprendizagem possível, não utópica, paradisíaca. Meu caloroso abraço daqui do oeste.

Foto de ensaio, de Pedro Rodrigues

segunda-feira, julho 13, 2009

em paz



Pedacinho do Dao De Jing pra clarear o dia:
A glória suprema não se vangloria
Não esmerar como jade mas rusticar como pedra
Na foto: Ramakrishna, o louco da deusa

sábado, julho 11, 2009

dos bastidores


Ver por trás. Os pequeninos espelhos do xale vermelho se transformam em estrelinhas da escuridão. O silêncio, o rito, a oração para dentro. Meu respeito e amor por este mistério do ser ator. A beleza é tanta que ofusca a vaidade. Eles me representam no escuro. Eles são minha sombra e a minha mão invisível que doma o leão. Estou na voz deles na frente de todo o mundo. Eles estão no meu corpo em segredo, em pacto íntimo. Eles me queimam, me molham, me sujam de terra, me respiram. Minha alma se assusta, sinto dores na cabeça e nos ombros. É tarefa difícil estar e não estar ao mesmo tempo ali, naquele tear. E quem dirá a pausa que eu não fiz? E quem escutará o grito que eu não dei? Arte arteira, esta, com suas travessuras. Então misturo as letras, aprendo a bordar os pedaços de asperezas e desvendo o meu delicado tecido.

segunda-feira, julho 06, 2009

tenho botas vermelhas por causa de você




Ana Paula, Aninha, Ana P, annany, de pelúcia, ana cordeiro, de deus, ana carneirinho, @newyork.com.br. Para você, minha oxum camarão, com suas mãos magras e lindas e longas e que sabem fazer livros, que carregam livros, estantes na alma, biblioteca e cafeteria no piercing do seu umbigo.
Minha suave declaração de amor cá debaixo do Equador. E vestindo uma lingerie preta e vermelha, linda e metropolitana e rubra, como as minhas unhas, vísceras, batom. Uma que eu escolheria com você, nosso mineral, nossa pedra de carvão. Porque dividíamos intimidades. Como doeu, se doeu, se ardeu.
E que bom que lembras de mim nas pequenas bobagens entre os grãos de café. E esquece do tempo embalando meu jeremias. E intuindo o gayatri yantra num copo de chá de letrinhas.
jeremias, jeremias! És um gato? Mias?
Pra você, um brinde, um gole de licor de amêndoa com uma pitada de cachaça de Abaíra (não é de Camaçari nem de Castro Alves, mas serve?).
E ao som dos juramentos de Marina de la Riva.
FOTO: Ana Paula Cordeiro

domingo, julho 05, 2009

cartas bahianas, o terceiro


João Filho, Aninha Franco e Marcos Dias enviam novas Cartas Bahianas e já é a terceira leva da série. Desejo que eles espalhem muito dendê no asfalto quente para esta coleção fritar vários bolinhos. Dia 07, às 07 da noite. É lua cheia e eu estarei lá.