sexta-feira, agosto 26, 2011

para os amigos do canadá



Tive minha segunda publicação internacional. Desta vez, no Canadá.



Agora é só aguardar o acolhimento desse norte.



querida Sônia Torres, obrigada!



terça-feira, abril 19, 2011

o rei, setenta vezes o rei

o rei

o rei

a flor do butoh

Programa de Pós-Graduação em Artes do Espetáculo da Universidade Federal da Bahia. Pesquisa em Artes Cênicas. Armindo Bião. O trajeto: Laboratório de Transculturação e Criação de Performances. O objeto: Transculturação e Renovação de Linguagens. O Leste conhece Kazuo Ohno aos 70 anos. Roberto Carlos, hoje, faz 70 anos. Morre Kazuo, dançando, aos 103 anos, no ano passado: morre para não dançar novamente os seus mortos. Leva a dança-teatro argêntea argentina para brilhar em outro lugar. Tadashi Endo, guiado pelas mãos de Ohno, dança com uma flor, em Butoh-Ma. Ma é estar entre as coisas, pele e órgãos, dia e noite, violência e Eros. Tadashi dança Ikiru para Pina Bausch, que se despede de nós em 2009, num duo com Michael Jackson. Pina oferece uma flor para o Japão em Ten Chi. Tadashi faz Shi Zen Sete Cuias para o Lume. Tadashi dança One nine four seven – data do seu nascimento – para o seu pai, que morreu. 1947 é o ano em que meu pai nasceu. Tadashi em Hanami: Cerejeiras em Flor, filme alemão, celebra, no Monte Fuji, a beleza do vulcão. Na Magna Grécia de Dioniso, Empedócles une-se ao elemento fogo, atirando-se no Etna. Śiva, o deus dos atores-dançarinos, baila a vida e morte no meio de um círculo em chamas. A flor do Noh, as raízes do Butoh. A flor-de-lótus que nasce na escuridão das trevas e caminha para as luzes do Sol do Oriente. A flor de mil cores que mora no alto da nossa cabeça. A vitória-régia, dinastia que se desdobra em 50 pétalas para enfeitar os cakras, a guirlanda das letras do alfabeto devanāgarī. Rogério Duarte, tradutor da Bhagavad-Gitā, meu professor de sânscrito, meu aluno de Yoga, fez 72 anos. Minha mãe fez 60 anos. Kazuo Ohno, cristão, ex-combatente de guerra, aos 75, dança My Mother, dirigido pelos passos de Hijikata. Kālī é deusa-mãe do tempo. Mujer, se puede tu com Dios hablar, com teu rosário de 50 estrelas, transforma as culturas, o tempo do Realengo, o tempo de Fukushima, o mau tempo! Não deixa que as minhas mãos reumatizem a possível irradiação da destruição do Japão. O meu coração. O terremoto de Iansã, a tristeza do mar nas lágrimas de Iemanjá, a sujeira da imunda e sagrada Gāṇga, nossa América latina, ameríndia, negra, japonesa, nossa América liberdade, igualdade, fraternidade, nossa América hindu, nosso om, nosso zen, amém! 19 de abril, dia do índio de 2011.

terça-feira, março 29, 2011

one-nine-four-seven



Acontece o Viva Dança Festival Internacional - ano 5 -( http://www.teatrovilavelha.com.br/festivalvivadanca5/index.php ) e temos a felicidade de ter o butoh-Ma de Tadashi Endo novamente por estas paisagens.

Nas origens do butoh, as sombras e as luzes herdadas do fogo de Hiroshima e Nagasaki e das imagens dos seus mortos.

Nas origens do butoh, violência e Eros.


Kazuo Ohno morre dançando aos 103 anos.

Tadashi dança 1947, ano do seu nascimento.

Minha mãe faz 60 anos.

Kali é a deusa do tempo.


domingo, março 27, 2011

o mantra do meu segundo capítulo

Não tenho medo do grande perigo, que é passar deste lugar para algum outro. O meu medo é não passar, não permanecer, não ser atravessada.
Falta-me, ainda, a crença na eternidade.
E por isso sou tão fraca, por isso tão pequena; por isso sinto dores e somente por isso é que tenho medo de morrer.

quinta-feira, março 24, 2011

nelson da rabeca e sua mulher, dona benedita

http://www.youtube.com/watch?v=0d2k0bfy61E

avós avôs

Prefiro Bachelard a Durant ou Maffesoli.
Prefiro Staiger a Szondi ou Lehmann.
Prefiro aqueles que ocupam o lugar dos avôs dentro das filiações.
Gosto das pessoas mais velhas, gosto dos professores, dos mestres, dos ancestrais, de gente que viveu mais do que eu e, por causa disso, provavelmente sabe mais que eu.
Eu nada sei.
Este ano, publicarei o meu primeiro romance. Ele ganhou a bolsa Funarte e o prêmio de publicação da Fundação Pedro Calmon. O seu título: “O homem que sabia a hora de morrer”. Trata do encontro de uma neta com seu avô e a morte que paira sobre eles. E será dedicado aos meus quatro avós: Altino, Aurelina, Erotildes e Laurentino. Que uma pequena porção da sabedoria deles esteja impressa nas minhas pobres palavras.

domingo, março 13, 2011

o japão do meu coração

mother

A coreografia de Kazuo Ohno, a mãe do teatro-dança butoh (o pai seria Hijikata) e o filme do sul-coreano Joon-ho Bong levam o mesmo título. E ambos estão cravados como flores num materno e sagrado coração.

sábado, março 12, 2011

facebook


Passei dois anos trabalhando sozinha e foi muito bom. Agora, inicio o meu doutoramento e o resultado será uma encenação a partir do yoga. E esta é a desculpa que uso agora para justificar minha adesão ao facebook. Na verdade, estou num momento bicho do mato e poderia até permanecer nele por mil anos. Mas há o teatro e os atores e as cenas. Então farei o seguinte: vou aprender a utilizar as ferramentas do veículo e me alfabetizar socialmente. E confesso que já está sendo maravilhoso rever algumas carinhas queridas. Jaya, jaya!

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

vestida de verde


Esta casa não é uma casa. Esta casa é um palácio da memória. De ontem e de amanhã. Esta casa não é um blog. Esta casa é uma agenda das coisas mais aparentes possíveis do movimento dos dias. Esta casa é uma verdade relativa, uma vez que é feita de poeira. De madeira, ela ainda não seria uma verdade completa, pois o inseto é uma mentira que provoca alergias.
Esta casa é preta e manchada com a cor do sangue. Esta casa devia ser verde, como a casa do menino-jesus, como a casa da fazendinha encantamento, rua da esperança número 01. Uma casa verde, sim, é uma casa de verdade. Mas enquanto uma única letrinha verde habitar a casa, a casa não será uma instituição falida.

Hoje, uma dia depois do dia da moça que dança nas águas verdes, disseram-me que não posso dançar. Como? Se sou eu uma moça que dança nas águas verdes? Um dia, num sonho, montei um balé submerso, inundado com textos de Lorca. Sim, talvez eu faça, então, um rio transposto no palco, numa coreografia sânscrita. Porque sim, claro que sim, a letra é uma dança que mistura as raças, uma linda criança mameluca de olhos encharcados de relva mágica.