quinta-feira, fevereiro 08, 2007

para fábio vidal




...que está em cartaz na cidade com Velôsidade...


Uma pequena participação especial ficcional virtual:

[Nos meus primeiros indícios de adolescência, eu tinha um sonho erótico com Caetano Veloso: fazíamos sexo e amor até mais tarde em cima de uma lápide do cemitério da minha cidade do interior ao som do auto-falante que cantava Não identificado com a voz do santo amarense... "eu vou fazer uma canção pra ela/ uma canção singela, brasileira/ para lançar depois do carnaval /minha canção há de brilhar na noite/ no céu de uma cidade do interior/ eu vou fazer uma canção de amor/ para tocar num disco voador..." e quando ele dizia brasileira, é verdade, eu juro, dava uma sensação física sexual qualquer de patriotismo e eu ia conhecendo os meus primeiros pontos do alfabeto íntimo: gemidos, gritos, gozo. Caetano foi o meu primeiro tesão, sonho, delírio, masturbação, sentimento de pertencimento à baía e ao recôncavo, do litoral ao interior. Acordada, eu o ouvia e lia e sorria e sonhava outras coisas. Tanto, que num dos meus únicos excessos de álcool da vida, voei de asa-delta e quando desci, caminhei contra o vento feito uma louca, quase bêbada, debaixo de um sol quente, moleton cobrindo os braços e as pernas nuas correndo pelas areias de busca-vida. Um amigo fez um registro disso e um pombo-correio levou para a ave canora. Caetano, eu sei que eu não preciso perguntar se foi bom pra você.]