sexta-feira, fevereiro 08, 2008

exaustão


Eu trabalhava numa ong que foi fraudada por funcionários cínicos e corruptos.
Dezenas de jovens artistas talvez perderam suas únicas oportunidades de caminhar na arte. Repouso numa cidade suja que, depois do carnaval, os buracos nos alfaltos e o odor de urina causam infinitos danos ao pneuma dos carros e ao meu nariz e ao meu pulmão. Moro num país onde os noticiários revelam escândalos diários com políticos que nem trazem a vergonha como punição. Deliberadamente promulgam leis que alteram a ordem física e climática da cidade, utilizam-se descaradamente de dinheiro público através de cartões corporativos e depois de amanhã ninguém sabe o que será. Mas alguma coisa infelizmente haverá de ser. Um simples café expresso mataria a fome de uma semana de uma criança em Gana. Mas continuamos a beber os cafés expressos e as crianças africanas permanecem na míngua. Uma exaustão. A foto premiada no World Press Photo, de Tim Hetherington, expondo o cansaço de um soldado americano dentro de uma trincheira no Afeganistão não traduz a exaustão de um mundo, traduz a exaustão de uma nação. A minha guerra é uma outra guerra, a minha exaustão é outra. Mas eu e o soldado vivemos neste mesmo mundo.