quarta-feira, fevereiro 06, 2008

para um amado senhor

Em período pós-carnavalesco,um pouco de Hilda Hilst, uma poetisa dionisíaca que habitou uma apolínea Casa do Sol:

Trovas de muito amor para um amado senhor

Nave
Ave
Moinho
E tudo mais serei
Para que seja leve
Meu passo
Em vosso caminho.
(I)

* * *

Dizeis que tenho vaidades.
E que no vosso entender
Mulheres de pouca idade
Que não se queiram perder
É preciso que não tenham
Tantas e tais veleidades.

Senhor, se a mim me acrescento
Flores e renda, cetins,
Se solto o cabelo ao vento
É bem por vós, não por mim.

Tenho dois olhos contentes
E a boca fresca e rosada.
E a vaidade só consente
Vaidades, se desejada.

E além de vós
Não desejo nada.
(XIII)