sábado, abril 28, 2007

são genésio, abençoa nosso ofício!


Sei pouco dos santos, mas adoro suas estórias e assim vou tentando entender um pouquinho. Sobre São Genésio, gosto de imaginá-lo como padroeiro dos atores. E sua imagem decapitada me coloca a pensar: porque os atores teriam um padroeiro que tem a cabeça a perambular por um lugar diferente do corpo?
O meio teatral às vezes me entristece: onde deveria existir sensibilidade, delicadeza e junção, há vaidade, superficialidade e rompimento.
Nestes dias de feriado do dia do trabalho e sem trabalho, sem construções teatrais nem nada, peço bênção a São Genésio, para que ele conceda a todos coração.
E aqui deixo a canção São Genésio, de Tata Fernandes e Gero Camilo (ator que esteve numa das peças de teatro mais lindas que vi, O Vau da Sarapalha, baseado do conto homônimo de Rosa). A música ouço na voz da delicada Ceumar, mas aqui fica apenas o registro da letra. É o que vou desejando nestes dias...


São Genésio

Santinho pequenininho de coração
Assim assim pequenininho
Protege tua legião
Abençoa nosso ofício
Que o drama, que o riso
De forma assim assim pequenininha
Conceda a todos coração
Abençoa nosso ofício
Que o drama, que o riso
De forma assim assim pequenininha
Conceda nosso ganha pão
São Genésio protege tua legião
São Genésio concede a todos coração
São Genésio concede nosso ganha pão

domingo, abril 22, 2007

didi mocó sonrisal colesterol novalgino mufumbo

Um amigo me trouxe hoje a lembrança de Renato Aragão, o Didi. E eu encontro em vídeo esta maravilhosa brincadeira com a Maria Betânia. Feliz de mim que tive na infância estes trapalhões politicamente incorretos e deliciosos.

quinta-feira, abril 19, 2007

dia de rei


Os índios, Roberto Carlos e as baleias que cruzaram oceanos comemoram este dia. E eu celebro o rei Roberto porque ele faz de mim algo mais piegas, tanto mais romântica. E eu acordo com ele, vivo com ele. E durmo com ele. E viajo com ele. E danço com ele. E choro com ele. E eu amo com ele.
Mas como queria Heráclito, o reinado também passa, feito um rio. E o rei é correnteza forte e pedra no meio do caminho. Algumas vezes, o rei ficou nu. E tudo se calou frente ao fato de que o rei era mais bonito nu: mutilado, voltou a ser infinito, o rei. Para o rei Roberto e também para mim e para você neste dia de reisado, uns versinhos de outro ariano, o poeta português Abel Neves:

Quatro versos para um grego de Éfeso

Não sei quantas águas tem este rio ou
sei que outro é o rio
que estas mãos aquecem
E outras são as mãos

quarta-feira, abril 18, 2007

tibet, um refresco


Tanta violência urbana aqui nas Américas e eu no Tibet antes de Mao. O Tibet era mesmo um outro mundo. E eu o sinto por dentro, para que as notícias dos telejornais não me carreguem para o medo ou para o ódio.

sexta-feira, abril 13, 2007

bienal




Hoje começa a Bienal do Livro da Bahia. Trabalhei nas duas últimas versões. Nesta, serei público e também convidada: estarei com a Állex Leila no dia 15, domingo, ás 18:30h, no Café Literário (as duas moças das fotinhas somos nós). Apareçam para uma visita nesta outra casa. Uma casa de livros, dizem. Mas nem sempre da literatura. Este ano homenageiam Portugal, entretanto falta a presença de mais escritores lusos no evento. Mas reunir uma dúzia e meia de pessoas que queiram falar e ouvir poesia e prosas já é uma vitória, portanto.


A programação:
13/04 - 20h30 - Moacyr Scliar
14/04 - 18h30 - Francisco José Viegas
20h30 - Zuenir Ventura
15/04 - 18h30 - Adelice Souza e Alex Leilla
20h30 - Amyr Klink
16/04 - 18h30 - Damário da Cruz e Carlos Ribeiro
20h30 - Myriam Fraga
17/04 - 18h30 - Renata Belmonte e João Filho

20h30 - Walter Fraga Filho e Ubiratan Castro de Araújo
18/04 - 18h30 - Rita Santana e Marcus Vinícius
20h30 - Sergio Cabral e Paulo César de Araújo
19/04 - 19h30 - Gilka Maria
20/04 - 18h30 - Ruy Espinheira Filho
20h30 - Fernanda Young e Diógenes Moura
21/04 - 20h30 - Nelson Motta
22/04 - 18h30 - Aleilton Fonseca e Washington Queiroz
20h30 - Elisa Lucinda


domingo, abril 08, 2007

argentina, argêntea

Acho um pouco triste que a música representativa de um país seja o tango, este ritmo tristonho. Mas há o bandoneon, o marido da sanfona. E a voz argêntea de Gardel, este homem branco bonito.
Então ouço Yira, Yira e sou só alegria. Continua em mim o embalo do seu som e não há mesmo como não dançar.
E a minha belíssima sanfoninha "la viuvita" também respira em espanhol por Gardel.
Das coisas boas que a Argentina produz: a segunda melhor literatura do mundo, uns vinhos e o tango dançando no corpo e na voz deste beau homme blanc.
E para não dizer que é semana santa e eu não falei do sagrado, da Argentina também tem Cortázar (que cresceu tanto que já é quase deus...)

domingo, abril 01, 2007

eco e narciso

Echo and Narcissus (1903) by John Waterhouse

Diálogo tão pequeno...mas como diz tanta coisa...mas como dói...

Narciso, numa caça, perde-se na floresta, onde Eco, escondida, observa-o encantada.
Narciso -
Ecquis adest? - Há alguém?
Eco -
Adest. - Há alguém.
Narciso -
Veni ! - Vem!
Eco -
Veni! - Vem!
Narciso (que só ouve a própria voz) -
Quid me fugis? - Por que foges de mim?
Eco (ouvindo exatamente o que sempre quis ouvir e dizendo o que sempre quis dizer) -
Quid me fugis? -Por que foges de mim?
Narciso -
Huc coeamus – Aqui, unamo-nos .
Eco (saindo exultante de seu esconderijo) -
Coeamus - Unamo-nos!
Narciso (que finalmente vê Eco e descobre que a voz não é a sua própria) -
Manus complexibus aufer! ante emoriar, quam sit tibi copia nostri – Retira de mim tuas mãos que me abraçam. Antes morrer. Não me entrego a ti.
Eco (já apaixonada por Narciso e sem compreender sua recusa) - Sit tibi copia nostri – Me entrego a ti.