sexta-feira, agosto 24, 2007

um projeto


Neste domingo, Cuida bem de mim completa 800 apresentações no TCA. Parece uma eternidade, mas não é: o tempo do teatro é outro e, vez ou outra, eu ainda grito da platéia, esqueço que sou a coordenadora artística do projeto e brinco e rio e danço com os meninos as musiquinhas da moda que eu tanto condeno no dia-a-dia. Já faz tempo que venho caminhando neste belo projeto do Liceu, que traz diariamente umas grandes alegrias para muitos adolescentes do país e tem feito os seus 30 jovens atores escolherem a trilha do teatro. Perto destes jovens, vou participando de suas escolhas e sendo alimentada por uma deliciosa energia inesgotável que vem das suas mais variadas manifestações de afeto, de arte, de brincadeiras. Eles são lindos e os seus sonhos são grandes. Eles sou eu ontem. E eu estou aqui.

quarta-feira, agosto 15, 2007

painéis de literatura

Aí está um novo evento literário. Organizado pelo professor e escritor Sandro Ornellas. Acontecerá lá no Instituto de Letras na UFBA e eu estarei respirando este ar no dia no dia 24 de outubro. Apareçam!

segunda-feira, agosto 13, 2007

citius, altius, fortius



O problema da tolerância é que ela é uma questão de opinião. Assim sendo, uma crença incerta ou uma crença numa certeza subjetiva. Na nossa lingua, ela passa uma idéia de polidez. Idéia que eu não gosto. Estava numa pizzaria filial destas do sudeste do país. Um lugar insosso, com música insossa. Tudo tão insosso que até este delicioso sabor do leste ficou insosso. Um atendimento tão veloz, tão desejoso de eficiência, que ficou insosso. E as pessoas, ao entrar, iam aderindo a este estado insosso, uma gente bonita que ia ficando parecida com manequim de loja decadente. E estávamos em nove. E estranhávamos tudo. Eu quero o meu sertão de volta. Soube que Elomar, um dia, gritou amigavelmente ao garçom de um restaurante paulista pedindo-lhe farinha. Assim, com um sotaque com gosto de carne seca e pedindo farinha, como se quisesse colocar água quente dentro e fazer fervura e farofa, comida com gosto de casa. Para alguns do restaurante paulista, foi dificil tolerar Elomar. Para mim também foi dificil tolerar a garçonete derrubando um prato no chão, tolerar um olhar que nunca se encontrava com o meu,tolerar o seu desejo de servir a todos os clientes de forma rápida, não para que ficassem satisfeitos, mas para que desocupássemos rapidamente as mesas, pois outras dezenas de pessoas já esperavam em pé. Sou intolerante, quis gritar. Mas usei a polidez e o humor, duas outras virtudes que tenho, já que me falta a tolerância. E sorri da moça, imitei seus gestos impacientes, sua inquietude, seu desejo antipático de estar em outro lugar. Eu também, às vezes,desejo estar em outro lugar. Ontem desejei estar em outro lugar, um lugar mais perto de casa.
E pensando em tolerância, ocorre-me o citius,altius,fortius e eu quero sim, esta bela imagem para mim, para mim.

sábado, agosto 11, 2007

o imperador e as galinhas


Passeando pelo subúrbio soteropolitano, o olhar vai registrando as coisas não costumeiras: a ética destruindo a estética dos casebres alagados na parte baixa da baía de todos os santos, a longa e perigosa avenida que nos obriga a andar em velocidade abaixo dos níveis e a imponente presença não vista do parque de são bartolomeu que leva nome de santo e cultua Iroco. Mas coisa com graça típica foi um caminhão que transportava aves para uma empresa e que trazia a seguinte marca: Ave Cezar! Assim mesmo, com ponto de exclamação e a letra z. Se eu fosse investigar, talvez chegasse na informação de que o dono da empresa também tem o nome do imperador...Pena que não trago sempre comigo uma máquina fotográfica a tiracolo. Assim, fica apenas o fraco registro das palavras que, infelizmente, nem sempre dão conta de tudo.

quinta-feira, agosto 09, 2007

nosso bosque


Para retomar o sentido do verde e amarelo diante deste caos aéreo e terreno que toma conta deste meu país. Sigo pois ainda há flores nos seus risonhos lindos campos.

domingo, agosto 05, 2007

contos da lua vaga


Por aqui tivemos mostra de Kenji Mizoguchi. Fui conferir porque não se acha jamais Mizoguchi em vídeo. O mestre influenciou meia dúzia de grandes diretores europeus e outro grande mestre, o Kurosawa. Num momento de um dos filmes, um vidente vaticina que uma personagem deve voltar para casa, voltar para si mesmo. E é neste momento, beirando o Tírésias e o seu oráculo para Édipo, que eu vou entendendo a mecânica japonesa trágica de Mizoguchi. E me aproximo dele, ainda sem saber voltar para casa, ainda sem saber voltar para mim.